Logo
scroll down

A produção alimentar contribui quase um terço de todas as emissões de gases com efeito de estufa, o uso excessivo de pesticidas está a destruir a biodiversidade e a poluir lençóis de água, e a irrigação desmedida está a secar regiões que já sofrem atualmente de escassez de água. Como se isso não fosse suficiente, muita da comida que é produzida, com todo o impacto ambiental que representa… é desperdiçada – só em Portugal, cada pessoa desperdiça em média 183 quilos de comida por ano!

Se isso não parece sustentável… é porque não é! É por isso que o People & Planet tem desenvolvido diversas sessões que procuram mobilizar jovens a tornar a sua alimentação mais sustentável.

Uma dessas iniciativas foi a criação de uma horta biológica num canteiro da IPTrans, no município de Loures. Esta iniciativa desenrolou-se ao longo de 6 sessões, contou com a participação de aproximadamente 100 estudantes, e teve o auxílio do André Maciel, a pessoa por trás do projeto Hortas Lx.

Começar no papel

A sustentabilidade da horta começa pelo planeamento. Como ponto de partida, um grupo de jovens participantes foi desafiado a pensar e desenhar um plano de horta para implementação. Existem vários aspetos a ter em consideração quando planeamos uma horta sustentável: escolher espécies que sejam autóctones e adequadas ao tipo de solo e de clima que iremos trabalhar, que sejam boas companheiras (que se ajudem mutuamente no seu desenvolvimento), e que sejam adequadas ao nível de água que estará disponível.

Depois, devemos também olhar para o terreno onde queremos implementar a horta e decidir quais as ações a fazer – é necessário ver qual a zona onde bate mais o sol e adaptar os canteiros que serão criados para ter plantas que poderão aproveitar essa maior exposição solar.

Por fim, é importante olhar para a diversidade na horta. Escolher várias espécies diferentes vai fazer com que se promova a biodiversidade na horta e vai contribuir para uma alimentação diversificada e saudável; vegetais, leguminosas, aromáticas, frutas… Todas têm um papel a desempenhar numa horta biológica e num ser humano saudável!

Preparar uma boa base

A terra é o que suporta todo o crescimento da horta, e por isso tem de se preparar para que as plantas cresçam com saúde e vigor. É nesta altura que se tem de arregaçar as mangas e por as mãos na massa.

A comunidade estudantil começou por retirar as ervas selvagens que estavam no canteiro e podar algumas das plantas já existentes e que acabariam por ficar na horta. Retiraram as pedras que se encontravam espalhadas e prepararam toda a área para ser trabalhada e transformada em canteiro.

Já em vista à plantação, foi aplicado um adubo natural à base de estrume e misturado com a terra para dar às plantas todos os nutrientes suficientes para crescerem fortes e saudáveis.

Água como fonte da vida

Tal como acontece com os seres humanos, a água é o elemento que dá vida a uma horta sustentável. No entanto, tendo em consideração que cada vez mais este é um bem escasso, foram tomadas algumas medidas para que a horta possa consumir apenas o mínimo de água necessário para o crescimento das plantas.

Para isso, foi implementado um sistema de rega gota-a-gota, o que vai garantir que apenas colocamos na terra a quantidade de água exata que necessitamos. Desta forma, estamos também a garantir que toda a água utilizada é direcionada para as raízes das plantas, em vez de ser despejada em partes da terra que não está a ser utilizada.

Este sistema de rega também está preparado para ser adaptado no futuro com um coletor de água da chuva para diminuir ao máximo o impacto nos recursos naturais.

Para complementar, foram espalhadas aparas de madeira na superfície dos canteiros. Estas aparas servem um propósito duplo: funcionam como barreira para manter a humidade dentro da terra durante mais tempo após ser regada, e ajudam a refletir os raios solares para que não a seque tão rapidamente.

Completar o ciclo

Uma horta verdadeiramente sustentável funciona como um ciclo: tudo o que retiramos da horta pode e deve ser reaproveitado. Sim, isso aplica-se também às ervas daninhas e a outra matéria orgânica que tradicionalmente consideramos indesejável.

Para isso, foi construído um compostor que irá transformar toda essa matéria orgânica em composto que irá posteriormente ser utilizado para fertilizar a terra.

O lado humano

Todo este trabalho foi apenas possível graças ao apoio da comunidade escolar – jovens, professores e direção juntaram-se para discutir, planear, trabalhar e cuidar de todos os passos apresentados até agora.

E, apesar da horta estar agora com plantas a crescer de forma sustentável, este é na verdade apenas um passo inicial. Foi criado um grupo voluntário que irá durante os próximos meses cuidar da horta e tomar as ações necessárias para que esta ação possa resultar em produtos saudáveis, saborosos e acessíveis para toda a comunidade.

No fim, a horta biológica da IPTrans deixa também esta prova de sustentabilidade, a da entreajuda humana que é um passo essencial na busca por um mundo mais sustentável para pessoas e para o planeta.

Hortas_6.jpgO People and Planet: A Common Destiny é um projeto pan-europeu de mobilização de jovens cidadãos e autoridades glocais no combate às Alterações Climáticas. É financiado pela União Europeia através do Programa DEAR, com cofinanciamento do Camões, I.P., envolvendo 17 organizações (autoridades locais e OSC) de 8 Estados-membros da UE e Cabo Verde, sob a coordenação da Câmara Municipal de Loures. Em Portugal, o projeto é implementado pelo consórcio composto pela Câmara Municipal de Loures, pelo IMVF, pela RICD e pela FUEL.

Share: